sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Principais Modelos de Cadeira de Rodas e suas Características

Existem inúmeros modelos de cadeira de rodas no mercado, aqui vou fazer m resumo dos principais modelos e suas características. Nunca é demais lembrar que apesar de existirem vários modelos nenhum deles é feito para você comprar em uma loja, sempre busque um serviço de Seating competente.

Podemos dividir as cadeiras de rodas de mercado em dois grandes grupos

1- Cadeiras para Auto locomoção

2- Cadeiras sem Auto locomoção.

Cadeiras para auto locomoção – Como o próprio nome diz são cadeiras para pacientes que se auto locomovem, ou seja, indivíduos capazes de se deslocar através da aplicação de forca no aro de propulsão das rodas traseiras, dentro deste grupo temos ainda vários modelos, estes modelos se diferenciam com relação à alguns aspectos que vamos ver adiante.

Forma de fechamento – Uma cadeira pode ter basicamente dois tipos de fechamento, em X, ou monobloco, as cadeiras com fechamento em X são aquelas que ao levantar a lona do assento ela aproxima suas laterais e fica mais fina facilitando o transporte, as cadeiras com fechamento do tipo monobloco em geral tem o um dispositivo no encosto que permite que o mesmo seja rebatido sobre o assento para o transporte.

Em geral, esta escolha esta baseada em atividades de vida diária e formas de transporte, no entanto sabemos que cadeirantes bastante ativos tem preferência por cadeiras do tipo monobloco que em geral são também mais esportivas, as cadeiras com fechamento em X podem começar a ficar com muito jogo no quadro e ter uma durabilidade menor.

Material – Existem inúmeros materiais disponíveis, mas os principais seriam aço, alumínio e fibra de carbono, a diferença básica esta no peso da cadeira e no surgimento de ferrugem no caso do aço, a fibra de carbono é bastante leve e tem uma alta resistência, no entanto em minha opinião, o custo benefício não compensa, eu ficaria com o alumínio.

Rodas Traseiras – As rodas variam em tamanho assim como as cadeiras, existem aros 16, 20, 24 entre outros, no entanto a principal diferença esta no tipo de pneu, cadeiras com pneus maciços absorvem menos os impactos e a trepidação, enquanto pneus infláveis absorvem melhor. Hoje em dia já existem pneus semi-rígidos, eles não são tão duros como os maciços nem tão macios quando os infláveis mas tem a vantagem de não ter de calibrar com freqüência.

Ainda com relação às rodas, existem vários tipo de rodas importadas, até de fibra de carbono, mas acredito que já seria um assunto muito especifico.

Rodas Dianteiras – Assim como as traseiras também variam em tamanho e tipo, existem rígidas, infláveis, de gel etc.

Forma de remoção das rodas – As rodas podem ser fixas ou ter um sistema de remoção conhecido como Quick Realese, onde através de um pequeno botão no centro do cubo da rodas, você consegue retirar as mesmas, isto facilita bastante o transporte.

Hoje existem cadeiras com sistemas de Quick Release nas quatro rodas.

Mancal nas Rodas traseiras – Existem cadeiras onde a posição das rodas traseiras é fixa, ou seja, vem de fabrica em uma posição e você não consegue alterar, por outro lado existem modelos que vem com uma peça chamada mancal, este mancal em geral vem com algumas furações que permitem um reposicionamento das rodas traseiras tanto no sentido posteroanterior como para cima ou para baixo.

O mancal pode auxiliar a encontrarmos uma posição mais favorável para a propulsão da cadeira de rodas, pois cada paciente tem uma dificuldade especifica e uma cinemática do movimento de propulsão especifica.

Além de auxiliar na propulsão o mancal também permite a geração de tilt negativo na cadeira, vamos ver em outro texto o que é Tilt, mas em resumo é uma leve inclinação do sistema assento encosto para traz.

Recline – Alguns modelos permitem o recline do encosto, sendo assim se o paciente não consegue permanecer com um sentar ereto por longos períodos, ele tem a opção de repousar na cadeira, o recline também é utilizado em outros casos, como bloqueio articular de quadril, hipercifose entre outros, mas isto veremos em outro texto também.

Alguns modelos de cadeiras para auto locomoção:

Aktiva ULX Agile Gasela

(ortobras) (ortobras) (jaguaribe) (ortobras)

Fechamento

Em X

Em X

Em X

Monobloco

Material

Alumínio

Alumínio

Alumínio

Alumínio

Rodas Traseiras

Aro 24 inflável

Aro 24 semi rígida

Aro 24 inflável

Aro 20 semi rígida

Rodas Dianteiras

Aro 6 maciças

Aro 6 maciças

Aro 6 maciças

Aro 5 maciças

Remoção das rodas

Quick release nas 4

Quick release nas 4

Quick release nas 4

Quick release nas 4

Mancal

Não possui, (apenas duas posições no quadro (anteroposterior)

Possui

Possui

Possui

Recline

Não possui

Não possui

Não possui

Não possui

ULX Reclinável AVD Reclinável M3 CDS 101

(Ortobras) (Ortobras) (Ortobras) (CDS)

Fechamento

Em X

Em X

Monobloco

Em X

Material

Alumínio

Alumínio

Alumínio

Aço

Rodas Traseiras

Aro 24 semi rígida

Aro 24 semi rígida

Aro 24 inflável

Aro 24 rígida

Rodas Dianteiras

Aro 6 maciças

Aro 6 maciças

Aro 6 maciças

Aro 6 maciças

Remoção das rodas

Quick release nas 4

Quick release nas 4

Quick release nas 4

Rodas Fixas

Mancal

Possui

Não Possui

Possui

Não Possui

Recline

Possui

Possui

Não possui

Não possui

Cadeiras sem auto locomoção – As cadeiras sem auto locomoção como o próprio nome diz não permitem que o paciente se auto locomova, este paciente depende de um cuidador para empurrar a sua cadeira, existem inúmeros motivos para um paciente não ser capaz de propulsionar a sua cadeira, mas os mesmo não serão discutidos neste texto, na verdade esta divisão não é perfeita, pois nada impede que um paciente que não seja capaz de se auto locomover utilize um modelo de auto locomoção com o qual será empurrado por outra pessoa.

Na verdade os modelos que veremos a seguir são destinados principalmente a pacientes ainda sem controle cervical ou em processo de desenvolvimento do mesmo.

Estes modelos são um pouco mais parecidos entre si, no entanto temos alguns aspectos que os diferenciam

Material – Aço ou alumínio

Forma de fechamento - e bastante parecida para todos os modelos, em geral a parte superior que compreende o sistema de assento e encosto pode ser separada do retante do quadro

Rodas traseiras – podem ser infláveis ou semi-rigidas.

Rodas dianteiras - podem ser infláveis, semi-rigidasou maciças.

Forma de remoção das rodas – Pode ser fixa ou com sistema quick realease

Recline – Como explicado à cima é a possibilidade de reclinar o encosto independentemente do assento para traz.

Em geral estes modelos são bastante parecidos, todos eles possuem o Tilt, que é o sistema de inclinação do assento e do encosto para traz, no entanto, os mecanismos de Tilt podem ser diferentes, alguns são pneumáticos, outros acontecem através de furações e pinos de encaixe, alguns são acionados com os pés e outros com as mãos.

Alguns modelos de cadeiras sem auto locomoção:

Conforma Tilt Conforma Tilt Recli Confort Tilt Prisma

(Ortobras) (Ortobras) (Ortomix) (Vanzetti)

Fechamento

Assento-encosto separa do quadro

Assento-encosto separa do quadro

Assento-encosto separa do quadro

Assento-encosto separa do quadro

Material

Alumínio

Alumínio

Aço

Aço

Rodas Traseiras

Aro 16 semi rígida

Aro 16 semi rígida

Aro 20 inflável

Aro 16 inflável

Rodas Dianteiras

Aro 7 maciças

Aro 7 maciças

Aro 6 maciças

Aro 8 inflável

Remoção das rodas

Quick release nas 4

Quick release nas 4

Quick release nas traseiras

Quick release nas 4

Mancal

Não Possui

Não Possui

Não Possui

Não Possui

Recline

Não possui

Possui

Não possui

Não possui

Tilt

Possui

Possui

Possui

Possui

É importante destacar que estas são apenas algumas características globais dos principais modelos de cadeira de rodas, existem outras inúmeras variáveis entre os modelos como: tipos de apoio de braço, apoio de pés, protetor de raios, protetor de roupa, tipos de assento, encosto, apoios entre outros.

Todos estes acessórios serão abordados em outros textos com maior profundidade, assim como os expostos neste texto.

Para conhecer melhor todos os modelos acessem o site dos fabricantes:

http://www.ortobras.com.br

http://www.baxmannjaguaribe.com.br

http://www.ortomix.com.br

http://www.vanzetti.com.br

http://www.cdscadeiraderodas.com.br

http://www.freedom.ind.br

http://www.libertasmovere.com.br






Os Fabricantes de Cadeira de Rodas no Brasil

No Brasil nãoo existem muitos fabricantes de cadeira de rodas, na verdade existem dois principais fabricantes que dominam aproximadamente 70% do mercado, e outros fabricantes menos expressivos que dividem o restante deste mercado.

Os dois principais fabricantes são a Ortobras e a Jaguaribe, enquanto a Freedon, CDS, Ortomix, Vanzetti entre outras representam o restante do mercado.

Estes números não são reais uma vez que não existem indicadores estatísticos neste sentido, estes números representam a minha observação do mercado com base na minha experiência de 7 anos atuando no Seating e em conversas com colegas de profissão.

O maior problema de se ter poucas empresas atuando neste mercado é o descaso das mesmas com relação aos clientes e principalmente com as empresas revendedoras de seus produtos. O fato de não haver grande concorrência faz com que as fabricantes pratiquem prazos extremamente longos para entregar as cadeiras, principalmente quando precisamos de um equipamento com medidas especificas.

Além dos prazos longos me parece padrão destas fabricantes um péssimo atendimento aos clientes e uma distancia muito grande das mesmas dos terapeutas, principais responsáveis pela indicação dos equipamentos.

O diretor da empresa Digitis Brasil esteve ano passado em uma visita a fabrica da empresa Invacare fabricante de cadeira de rodas dos Estados Unidos localizada em kliviland, La o prazo de entrega de uma cadeira de rodas e de 5 dias, e você escolhe o tamanho, a cor e os acessórios. Isso sim e um serviço bem prestado.

Como já vimos neste blog não se compra cadeira de rodas adaptada “Seating” em loja, no entanto os fabricantes insistem em vender modelos como se fossem adaptados diretamente em lojas de varejo, o resultado desta irresponsabilidade são milhões de pacientes enganados e mau posicionados em suas cadeiras de rodas.

Exemplo pior é o seguinte, os fabricantes mesmo sabendo que suas cadeiras terão de ser adaptadas por uma empresa de Seating com um profissional especializado, não permitem que estas empresas revendedoras comprem as cadeiras sem os acessórios que vem de fabrica como sendo adaptações, assim como, assentos pré moldados, encostos, apoios de tronco, cintos entre outros.

Sendo assim a empresa que trabalha com Seating tem de comprar a cadeira com todos os acessórios e jogar tudo no lixo para fazer um trabalho especifico para o paciente, imagine você uma grande pilha mensal de assentos, encostos, cintos, tudo indo para o lixo, é o que eu faço todos os meses. E você que é paciente, o cliente final, paga todo esse lixo.

Em resumo, em minha opinião, o Brasil não possui empresas competentes trabalhando na fabricação de cadeira de rodas, e quem sofre com esta situação são os pais, terapeutas e revendedores destes equipamentos.

Acredito que em pouco tempo empresas americanas e principalmente Chinesas vão entrar neste mercado no Brasil e acabar de vez com a preguiça das empresas Brasileiras, isso se elas não quebrarem quando expostas a uma situação de concorrência.

Fisioterapeutas ou Terapeutas Ocupacionais?

Essa é a pergunta que não quer calar, a quem pertence o Seating? Fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais.

Vocês não imaginam como isso me irrita, certa vez recebi um e-mail no GACE de um terapeuta ocupacional que copiou uma resolução do crefito que dizia que o Seating era uma atribuição do terapeuta ocupacional, e sendo assim como na época não tínhamos uma TO na nossa equipe não deveríamos oferecer o serviço.

Sorte dele que não me deixaram responder o e-mail!

Querer dividir o Seating por diplomas é tão idiota quando dividir pessoas por cores ou religião. O Seating no Brasil não tem uma classe profissional organizada, muito menos normatizações e regulamentação, mas independentemente disso, em minha opinião, quando um profissional se coloca em uma posição de dizer que tal área pertence a ele, pois é o que esta escrito em um documento qualquer, apenas demonstra o tamanho da sua insegurança.

O Seating, assim como qualquer área da ciência pertence a quem se dedica a ela, a quem estuda.

Existem inúmeros exemplos de profissionais excelentes em áreas especificas que não a sua por formação.

Meu ex professor e colega Marcos Duarte é um dos maiores nomes do Brasil em Controle Motor, e é formado em física.

Tem um psicólogo que não me lembro nome que escreveu um dos melhores livros de estatística.

Eu mesmo modéstia aparte entendo mais de mecânica do que muito engenheiro por ai.

Ao invés de perder tempo com resoluções e diplomas as pessoas deveriam passar mais tempo estudando e desenvolvendo o seu conhecimento em uma determinada área, desta forma com certeza elas se sentiram mais seguras e menos preocupadas com o que está escrito em seu diploma.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Como Funciona o Trabalho de Seating

Como já sabemos, o trabalho Seating, nada mais é do que uma forma de intervir na relação entre indivíduo e ambiente de forma positiva a fim de favorecer o desenvolvimento deste conjunto. Para tanto se toma óbvio uma compreensão do indivíduo e um conhecimento dos dispositivos disponíveis para realização deste trabalho.

O Seating não é um produto que pode ser comprado em lojas de varejo, feiras do seguimento ou até mesmo pela internet. Seating é um processo pelo qual um profissional qualificado desenvolve técnicas capazes de favorecer a relação entre indivíduo e ambiente, o produto em si, como uma cadeira de rodas adaptada, por exemplo, é um simples resultado material de todo este processo.

Em resumo podemos dividir o trabalho de Seating em três fases:

1 – AVALIAÇÃO / 2- PROVA / 3- ENTREGA

1 – Avaliação Clínica (neurológica e ortopédica), Atividades de Vida Diária e uma prévia da Avaliação Antropométrica

Todo o processo inicia-se com uma avaliação clínica, neste encontro o terapeuta deverá buscar conhecer profundamente todos os fatores e aspectos clínicos do paciente a fim de nutrir-se de conhecimentos relevantes para a realização de sua intervenção.

Mais uma vez não vamos detalhar neste momento todo o processo de avaliação, pois isto se dará mais adiante, no entanto vamos destacar alguns pontos relevantes para a avaliação.

A avaliação clínica deve compreender:

- Aspectos Neurológicos e de Desenvolvimento Motor: habilidades motoras do paciente (controle cervical e de tronco, formas de deslocamento, equilíbrio, alcance, preensão, tônus, presença de reflexos primitivos e/ou patológicos, movimentação involuntária, exame de derme e sensibilidade, capacidade cognitiva e de comunicação, aspectos da mecânica respiratória, histórico de intervenções cirúrgicas, entre outros)

- Aspectos Ortopédicos: ADM das principais articulações, presença de contraturas, deformidades e encurtamento muscular, avaliação postural global, avaliação minuciosa de coluna e da articulação do quadril e pélvis utilizando os testes da propedêutica ortopédica e exames complementares como Raio-X.

- Atividades de Vida Diária: Formas de transferência, barreiras arquitetônicas enfrentadas no dia a dia, forma de transporte, alimentação, trabalho, estudo, laser, entre outros.

Além das três vertentes expostas a cima é fundamental que o terapeuta responsável pelo trabalho de Seating entre em contato com a equipe interdisciplinar responsável pelo atendimento terapêutico do paciente, como fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, médicos. È através deste contato que podemos conhecer quais os objetivos que estão sendo traçados para o paciente e como através do Seating podemos colaborar com este processo.

Após esta etapa de avaliação o terapeuta está pronto para elaborar o seu raciocínio e definir quais as intervenções serão realizadas através do Seating.

È neste momento que o terapeuta deve definir fatores como: O modelo da cadeira de rodas, o tamanho, o fabricante e todos os acessórios que serão utilizados para o trabalho de Seating, como: tipo de assento, tipo de encosto, apoios, cintos entre outros.

Vamos dizer que este ainda não é um momento de definição, pois muitas vezes é apenas na prova do equipamento que o terapeuta consegue enxergar alguns aspectos relevantes ao trabalho, sendo assim é sempre importante destacar para os pais que na prova existe a possibilidade de alterações, principalmente com relação aos acessórios utilizados.

Uma vez definida toda a metodologia de intervenção e selecionados os equipamentos o terapeuta deve iniciar a avaliação antropométrica do paciente.

- Avaliação Antropométrica: A avaliação antropométrica consiste em aferir as medidas do paciente, isto deve ocorrer sempre com base na sua escolha de intervenção. Neste momento são aferidas medidas como: profundidade e largura do assento, altura do encosto, altura dos pés e apoios de braço, prévia do posicionamento de apoios de tronco, cabeça e cintos, entre outros.

2- Prova: A prova é um dos momentos mais importantes deste trabalho, após a avaliação e seleção dos equipamentos, a cadeira de rodas é devidamente adaptada com base nas medidas da avaliação e o paciente é convidado para experimentar a mesma ainda sem acabamento (sem estafado).

È neste encontro que o terapeuta pode visualizar se suas idéias de intervenção foram recebidas com sucesso pelo paciente, este é um momento de observação por parte do terapeuta e teste por parte do paciente, além disso, é na prova que são realizados todos os ajustes pertinentes. Este processo tanto pode durar uma hora como um dia, ou até mais de um encontro, isto depende muito da experiência do terapeuta e da complexidade do caso clínico.

3- Entrega: A presença do paciente é fundamental no momento da entrega do equipamento, este provavelmente é o último encontro com o terapeuta e é neste momento que a criança será treinada junto ao núcleo familiar com relação a utilização correta do equipamento, na minha opinião 90% dos trabalhos de Seating mau sucedidos são por motivo de mau utilização do equipamento, seja por indiferença dos pais ou por mau orientação dos terapeutas.

Além da importância exposta acima, vale lembrar que da prova até a entrega a cadeira é desmontada e montada novamente após o trabalho de tapeçaria, sendo assim sempre existe a possibilidade de algum erro ocorrer na montagem final, com a presença do paciente na entrega podemos corrigir o erro antes de entregar e garantir o sucesso do trabalho.

O trabalho de Seating deve ser revisto a cada 6 meses para garantir que o equipamento continua auxiliando o paciente em estabelecer uma relação positiva com o ambiente, muitas vezes estas revisões são necessária para realizar pequenos ajustes, principalmente para crianças em fase de crescimento.

Visto o exposto acima por favor,

NÃO COMPRE CADEIRA ADAPTADA EM LOJA, ISSO NÃO EXISTE!

NÃO PREENCHA FICHAS COM MEDIDAS PELA INTERNET PARA RECEBER A CADEIRA EM CASA!

NÃO PEGUE A PRESCRIÇAÕ DE UM TERAPEUTA E LEVE PARA UM TÉCNICO EXECUTAR O QUE ESTÁ ESCRITO E TE ENTREGAR A CADEIRA!

Procure um profissional com experiência e uma empresa séria para lhe atender, questione a empresa e o terapeuta sobre como funciona a execusão do serviço, assim você pode saber se existe avaliação, prova e entrega.

Cuide bem de sua cadeira sempre seguindo as orientações do terapeuta, ela pode fazer mais por você do que você imagina.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Adequação Postural em Cadeira de Rodas

Na minha opinião este nome não resume muito bem toda a amplitude deste trabalho, de certa forma, a Adequação Postural em Cadeira de Rodas que vamos chamar de Seating daqui em diante, trata da postura de indivíduos que permanecem na postura em sentado por longos períodos, no entanto a postura é apenas um dos aspectos a serem avaliados pelo profissional responsável por este trabalho.

O Seating envolve um conhecimento amplo do indivíduo e dos equipamentos disponíveis para posicioná-lo em sentado. O profissional responsável pelo trabalho, deve avaliar diversos aspectos do indivíduo para realizar a intervenção com sucesso, como aspectos clínicos (neurológicos e ortopédicos), antropométricos, atividades de vida diária, objetivos terapêuticos, entre outros.

De qualquer forma não vou me ater muito neste momento a detalhar os aspectos a serem avaliados, pois isto faremos mais adiante.

O que eu realmente gostaria de colocar aqui, é o meu conceito sobre Adequação Postural em Cadeira de Rodas, e até mesmo sobre a Tecnologia Assistiva em geral.

Quando utilizamos um equipamento como um andador, um parapódium, ou uma cadeira de rodas, estamos intervindo na relação de um indivíduo com o seu ambiente. Isto também vale para qualquer outro acessório que nós utilizamos no dia dia.

Um tênis, por exemplo, um tênis é capaz de alterar nossa forma de andar, alterar a cinemática do nosso movimento e ainda reduzir o estresse sofrido pelos pés por aumentar a área de contato entre os pés e a superfície. Isso não é incrível? Com um bom tênnis podemos correr mais rápido e saltar mais alto, podemos correr distâncias mais longas sem machucar os pés.

E qual o segredo do Tênis? Nenhum, ele apenas interviu em nossa relação com o ambiente de forma positiva, através dele as forças entre os pés e o chão passaram a se relacionar de outra forma, uma forma positiva, uma forma que aumentou nossas habilidades e nossa performance na corrida.

Devemos entender que nossa relação com o ambiente se estabelece basicamente através de forças e como estas forças se relacionam, é justamente esta relação de forças de ação e reação que determinam o que somos capazes ou não de fazer, é a relação entre a força da gravidade e o nosso peso e a força das nossas pernas que determina a altura do nosso salto.

Enfim, a adequação postural em cadeira de rodas assim como os equipamentos de tecnologia assistiva como andadores entre outros, nada mais são do que elementos de intervenção entre indivíduo e ambiente visando um resultado positivo.

Vou contar uma breve história que resume um pouco está teoria.

Pesquisadores da Austrália realizaram uma pesquisa na áfrica com uma pequena civilização isolada que sobrevivia basicamente da agricultura familiar, as mulheres desta pequena comunidade trabalhavam diretamente no preparo da terra e no cultivo dos alimentos. Enquanto trabalhavam estas mulheres não tinham onde deixar seus filhos, principalmente os recém nascidos que precisavam estar sempre próximos, para resolver este problema as mães cavavam pequenos buracos na terra ao lado da lavoura onde deixavam seus bebês escorados no buraco como se estivessem sentados, embora nenhum deles ainda tivesse equilíbrio para permanecer nesta postura.

Os pesquisadores australianos já sabiam que crianças com desenvolvimento motor normal conseguiam permanecer na postura em sentado sem apoio a partir dos 6 meses de idade em média, no entanto eles observaram que os bebês africanos desta pequena comunidade que eram colocados no buraco quando recém nascidos conseguiam permanecer na postura em sentado sem apoio a partir dos 4 meses de idade.

Com certeza a intervenção realizada pelas mães ao colocar os bebês desde recém nascidos na postura em sentado no buraco, fez com que estes bebês alterassem a sua relação com o ambiente de forma favorável a aquisição da postura em sentado.

O buraco forçou os bebês a se relacionarem precocemente com a gravidade e com o desequilíbrio, exigindo assim um desempenho maior por parte deles.

Quando compreendemos o Seating e a Tecnologia Assistiva como uma forma de intervir na relação entre indivíduo e ambiente tudo fica mais fácil.

Minha história no Seating

Fisioterapeuta formado pela universidade da cidade de são Paulo em 2004, iniciei meu interesse pelo seating em 2002 enquanto fazia visitas freqüentes na AACD de São Paulo para buscar minha mãe fonoaudióloga que trabalhava na instituição nos dias de rodízio.

Em 2003 – Conheci meu colega fisioterapeuta Carlos Vasconcelos, com quem realizei meu primeiro curso de Seating e foi ele que co-orientou meu projeto de pesquisa na universidade sobre Adequação Postural em Cadeira de Rodas.

Em 2004 e 2005 – Realizei dois anos de estágio de observação no setor de adequação postural em cadeira de rodas da extinta Salvapé localizada na rua Augusta em São Paulo.

Em 2005 – Participei da fundação do GACE – Grupo de assistência Tecnológica à Criança Especial, instituição a qual presido nos dia de hoje, lá fui responsável pelo desenvolvimento de tecnologias de baixo custo para o atendimento a comunidades carentes, entre os equipamentos desenvolvidos estão cadeiras de rodas adaptadas, parapódiuns e andadores especiais

Em 2005 e 2006 – Realizei dois anos de estágio no laboratório de biofísica da USP coordenado pelo meu colega e professor Marcos Duarte, lá cursei disciplinas de física 0 e física 1, física experimental, fundamentos matemáticos para análise de dados biológicos e introdução a mecânica do movimento humano. Aprendi bastante sobre cinemática e mecânica do movimento humano.

Em 2006 – Iniciei meu trabalho no CENTAC – Centro de Tecnologia em Adaptações para Cadeira de Rodas como fisioterapeuta responsável pelo setor de Adequação Postural em Cadeira de rodas.

Em 2007 – Fui convidado para montar um serviço de Adequação Postural em Cadeira de Rodas na empresa Vanzetti, o projeto foi concluído em 2008 e desde então fui contratado como fisioterapeuta responsável pelo setor de adequação postural em cadeira de rodas e equipamentos de mobilidade assistida.

Em 2009 – Fui convidado e contratado pela empresa Pró-shock para o desenvolvimento da primeira cadeira de rodas com sistema de amortecimento elétrico, neste projeto desenvolvi sistemas de avaliação da cinemática do movimento de propulsão da cadeira de rodas para avaliar os benefícios da utilização do sistema de amortecimento elétrico, este projeto deve ser concluído no final de 2011.

Em 2009 – Fui convidado e contratado pela empresa Digitis Brasil para implantar no Brasil um sistema de alta tecnologia para confecção de assentos e encostos digitalizados para cadeira de rodas e automobilismo.

Atividades atuais,

- Diretor presidente do GACE – Grupo de Assistência Tecnológica à Criança Especial.

- Coordenador clínico da empresa CENTAC – Centro de Tecnologia em Adaptações para Cadeira de Rodas.

- Coordenador clínico da empresa Digitis Brasil – Sistema Customizados de Assento e Encosto para Cadeira de Rodas.

- Fisioterapeuta contratado pela empresa Pró-shock.

- Fisioterapeuta contratado da empresa Vanzetti – Equipamentos para reabilitação.

Links

www.gace.org.br

www.centac.com.br

www.digitisbrasil.com.br

www.vanzetti.com.br

www.proshock.com.br